Jornada de Desenvolvimento Mulheres: Egressas do Sistema Penitenciário de Curitiba
Nos últimos anos aumentou significativamente a população carcerária feminina. No último levantamento, realizado em 2019, os números demonstraram crescimento de seis vezes comparado com 2000. Nos dias atuais, a execução da pena não tem apenas o objetivo do encarceramento, mas também de reintegração à sociedade. Conforme a Lei de Execução Penal é dever do Estado prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade, sendo essa assistência estendida também ao egresso. Este estudo teve como objetivo refletir sobre os pilares de ressocialização que auxiliam as mulheres egressas do sistema penitenciário retornar ou entrar ao mercado de trabalho.
Assim, é de extrema importância a criação e gestão de mecanismos para gerar oportunidade, pois o trabalho é condição importante para que elas possam sustentar a si e sua família, diminuindo a reincidência criminal e possibilitando cidadania de fato. Tendo isso em vista, para auxiliar na formação cidadã e contribuir para a realidade dessas mulheres egressas, o Projeto MEL propõe ministrar um curso de empreendedorismo às interessadas a se reintegrar socialmente, não só como cidadãs mas também como participantes do mercado de trabalho.
Para tal, fez-se necessário entender o mapa de relações e de redes de apoio que se estabelecem no processo de ressocialização. Nesse sentido, mapeamos a estrutura social dessa rede, deciframos e identificamos a natureza de instituições e organizações envolvidas nessa teia de apoio – sejam elas públicas, privadas ou do terceiro setor. Por último, no processo de mapeamento, também analisamos a área que cada organização atua – por exemplo, saúde, qualificação, atendimento psicossocial, assistência jurídica ou, ainda, acesso à cultura.
Como síntese das informações e mapeamento da rede de apoio sobre as egressas, o Projeto MEL objetiva contribuir na reintegração social dessas mulheres, como forma de reiterar sua função como Projeto de Extensão da UFPR. Pesquisando, mapeando e produzindo com/para a comunidade de mulheres egressas do sistema penitenciário de Curitiba.
Apresentação para os profissionais do Escritório Social os Projetos para as mulheres egressas do sistema penitenciário que o MEL está tecendo.
Dia 30 de agosto de 2021 a Maria Rita Michalski, netweavers do Projeto de extensão MEL da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apresentou no Escritório Social de Curitiba, no bairro Bachacheri, o projeto que ela juntos com as bolsistas e voluntárias do projeto de extensão “Mulheres Líderes e Empreendedoras”, também conhecido como MEL, estão desenvolvendo para auxiliar as mulheres egressas de penitenciárias.
A professora Eneida Regina Fabian Holzmann que também está atuando no projeto MEL, esteve presente e contou um pouco do trabalho que ela já exerce com mulheres que foram vítimas de violência e sua pesquisa de doutorado na USP sobre a transgeracionalidade da violência e estudo feito com homens na saca da mulher brasileira. O que tem relação com as mulheres egressas da penitenciária uma vez que é eminente a realidade de que mulheres que praticam violências foram também vítimas dessa. Não obstante, a realidade que essas mulheres vivem após sair da prisão não se distancia desse contexto violento, pois sabemos que a reinserção social ainda é difícil e um processo muitas vezes lento e com pouco apoio.
Foi justamente pensando nisso que surgiu a ideia de exercer esse apoio junto com os profissionais do escritório social, como os assistentes sociais, psicólogos e professores.
Após um longo período de discussão entre o grupo Mulheres Líderes e Empreendedoras para que se pudesse estruturar como iriam realizar esse apoio, se organizarem para isso e claro, após muita pesquisa. Nesse dia Maria Rita por fim apresentou o projeto e a ideia de ação que o grupo tem desenvolvido no ultimo ano para colocar em prática com as mulheres egressas do sistema prisional.
A proposta então é a reedição do curso a Jornada de Desenvolvimento Pessoal, desenvolvido desde 1997 junto a UFPR com mais de 20 edições, aqui um recorte de sua realização em dez anos (https://anais.suceg.ufsc.br/index.php/suceg/article/view/79). Tambem já realizado para a PM do Paraná numa parceria UFPR e Secretaria estadual de Segurança Pública. Aqui mais informações: https://anais.suceg.ufsc.br/index.php/suceg/article/view/43
Agora com intenção de estimular o empreendedorismo para mulheres egressas do sistema penitenciário de Curitiba e ofertado de forma gratuita em parceria com o DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO – DEPEN através do Escritório Social de Curitiba.
Tendo em vista a dificuldade da conquista de um emprego após a saída da prisão, devido ao tempo afastada, ao preconceito e ao fato que muitas não conseguiram concluir nem ao menos o ensino fundamental, a proposta de que essas mulheres possam criar os seus próprios empregos, com uma geração de trabalho em rede apoiadas pelo grupo e profissionais tem muito potencial. Esse curso visa trazer uma capacitação e para que essas mulheres possam encontrar suas habilidades e seu potencial criativo, pois isso está dentro de todos, basta ser estimulado.
Sendo assim, para que se comece a colocar isso em prática é preciso de um planejamento, dessa forma foi estruturado para os próximos passos a realização de pesquisas bibliográficas, mapeamento da rede por meio de envio de questionário e a distribuição de tarefas entre as atuantes do grupo.
Após a apresentação de todas as informações a professora Maria Rita respondeu as dúvidas que ficaram e os profissionais contaram um pouco mais para o projeto de extensão Mulheres Líderes e Empreendedoras sobre como era a realidade das egressas do sistema penitenciário.
A diretora do Escritório Social Marilu Kátia da Costa, agradeceu a apresentação e confirmou essa parceria entre os profissionais e o projeto de extensão. O grupo ficou muito feliz que sua proposta neste dia e enquanto me lês já estamos colocando as estratégias e os planos em ação em andamento. Continue acompanhando o site e as nossas redes sociais para ficarem por dentro. Obrigada!
Na foto se encontram as bolsistas e voluntárias do projeto, as professoras Maria Rita e a diretora do Escritório Social.